terça-feira, 29 de junho de 2010

'Diagramando' Walter Salles

        Se me perguntarem o motivo pelo qual quero seguir cinema como profissão, uma dos nomes citados na resposta será: Walter Salles. Seu filmes me impactaram e me emocionam até hoje. A nobre mistura entre o real e o ficcional, entre o documentário e o longa-metragem, entre o renomado ator e uma pessoa que nunca fez cinema, essa possibilidade dos dois mundos, muito me cativa.
       Na faculdade, mais precisamente, na matéria de Secretária Gráfica, o trabalho final era fazer uma matéria de revista sobre alguém que você admira como artista. Quem escolhi? Ele, claro! Quando o querido @berthone, minha dupla, gostou da idéia foi só correr pro abraço, quer dizer, para o InDesing :p
Esse foi o resultado final, modestamente, adorei !!! 
Ensaios Brasileiros - Walter Salles
Texto: @yascali Diagramação: @berthone , sua amiga Joana (thanksss) e @yascali de assistente ehehe

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domingo, 27 de junho de 2010

A vida é colorida, a realidade é preto e branca

       Aluguei ontem "A identidade de nós mesmos", do Wim Wenders. Comecei a gostar desse diretor em "No Decurso do Tempo", a admirar em "Um Truque de Luz" e agora a ficar fã com esse filme.
        Em "A Identidade de nós mesmos" Wenders fala sobre a questão da identidade em um mundo com tanta diversidade, do quanto essa diversidade influencia e causa exatamente a perda da identidade, do real, do que é possível, do ser humano e que pior, a identidade está fora da moda. Ele fala sobre isso através de um estilista que muito admira, o japonês Yohji Yamamoto. 
       Uma vez, ao comprar um paletó e uma blusa, Wenders se sentiu tão bem que se assustou. Aquela roupa trouxe uma sensação nostalgica, um cheiro da infância permeou seus sentidos, ao colocar aquela roupa que lhe caiu tão bem. Aquilo o deixou curioso, pois há tempos não se via tão bem no espelho,  viu ali um quê diferente, um quê de realidade, foi assim que chegou até Yamamoto.

Win Wenders e Yohji Yamamoto
       O filme é praticamente um documentário e é meio parado,  tanto o diretor quanto Yamamoto falam calma e pausadamente, o que faz com que o espectador possa digerir aos poucos as informações que recebe. No clima da Copa eu estava mais era pra "Missão Impossível" (com esse time...voltando!) mas esse me chamou bastante atenção não só pelo todo, pelos takes aonde tinham três imagens diferentes ao mesmo tempo (só vendo para ver como ficou boa essa montagem) e pela forma como Yohji toca seu trabalho. Fica clara o porque da admiração de Wenders pelo estilista e em uma parte do filme acontece essa seguinte situação:

Wenders (locução): - Perguntei a Yohji sobre estilo. Como ele poderia apresentar uma dificuldade enorme para criatividade... O estilo podia se tornar uma prisão, uma sala de espelhos onde você só consegue se espelhar e se imitar. Yohji disse que conhecia bem esse problema, e que claro, havia caído nessa prisão.
"Escapei dela - ele disse - quando aprendi a aceitar o meu estilo e de repente, a prisão se abrira."
Isso para mim é um autor: alguém que, para começar, tem algo a dizer, que sabe se expressar com sua própria voz e que finalmente encontra em si a força e a insolência necessária para se tornar o guardião de sua prisão, e não continuar prisioneiro.

Essa parte é sensacional
Por quantas vezes repetimos os mesmos pensamentos, permanecemos nas mesmas dúvidas, com medo de estabelecer um pensamento final.  
Por quantas vezes desejamos ser aquilo que não somos, aquilo que não temos, aquilo que parece ser mais bonito, colorido, prazeroso, mas que no final tem as mesmas dúvidas, insatisfações, angústias que nós. Apenas se apresenta mais colorido, e por assim sendo, não é real.
Se pegarmos o que temos em nós e aceitarmos como o melhor que podemos ser e oferecer, com certeza a mente abre para que aquilo sofra, ou melhor, ganhe, uma explosão de criatividade, de beleza, de satisfação, fazendo com que possamos nos surpreender com nós mesmos! É como se o caminho antes ocupado pelo desejo de ser outro (obs: não confunda ser o outro com mudar a si próprio..) fosse uma verdadeira prisão e ao reconhcer aquilo que se tem e fazer o melhor com isso,  você se torna o guardião do conhecimento, saindo do lugar de prisioneiro para o do ser livre.
Yamamoto é um dos mais bem conceituados estilistas dessa época e seu trabalho se destaca não por detalhes exuberantes, modelos dignos de Grécia antiga ou status, mas sim porque simplismente as roupas caem bem nas pessoas, afinal, aquelas que as vestem, são reais. 
"A vida é colorida, mas a realidade é preto e branco" é uma frase dita em outro filme do Wenders, o qual ainda não assiti, mas será minha próxima locação. Não preciso comentar mais nada, ela resume o modesto parágrafo que acabei de escrever...

Abaixo o trecho do filme no qual essa parte acontece:

       
       No próximo post vou abordar essa questão do ser, da roupa, do corpo real. Ela também é trabalhada no filme e vale trazer aqui, só que estou cansada e amanhã tem jogo, quero tocer bastante!
Depois que o colorido da Copa passar, volto para o preto e branco da vida...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Saramago e o ensaio sobre A visão

       Quando abri um site de comunicação e vi que José Saramago havia morrido, senti um pouco daquela frase: "...e um pouco de mim morreu contigo". Ele não era meu parente, amigo, colega e muito menos amante, mas ás vezes algumas pessoas desempenham um papel na sua vida por meio da arte que as fazem tornar muito mais intímas de ti, bem mais do que aquele parente, amigo, colega, amante...
       Seu falecimento foi comentado no mundo inteiro e agora é a hora das editoras correrem para publicar e  vender ainda mais seus livros, pois sabemos o "know how" acerca do artista vivo e ele morto (melhor exemplo? Michal Jackson). Pela primeira vez, "que assim seja!", me passou no pensamento ao ver uma nota sobre essa corrida atrás do ouro. Que publiquem e republiquem, vendão e façam estoques e mais estoques nas livrarias, que chegue a maior quantidade de público o legado desse genial escritor.        
       No Twitter, adorei o tweet de um amigo meu comentando sobre a falta que ele vai fazer, não é um comentário muito 'polido' para o momento, mas não deixa de ter razão:


         Não me esqueço da emoção de Saramago ao ver pela primeira vez o filme de seu livro, "Ensaio Sobre Cegueria"(2008) dirigido por Fernando Meirelles. O diretor fica até sem jeito, e eu ficaria da mesma forma... Ter uma pessoa como José Saramago ao seu lado, emocionado, e aprovando aquilo que você produziu em cima da sua obra, não é para qualquer um...

Descanse em paz.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Trailers USA x Europa

        Há um bom tempo estou para fazer esse post, depois do filme que vi na última sexta, me deu mais vontade ainda de escrever.
        Fui ao cine ver "O Escritor Fantasma"(2010) o novo filme do Roman Polanski. A única coisa ruim é essa tradução (com o perdão da palavra) escrota que fizeram do nome original "Ghost Writer",  (ao pé da letra a tradução está certa, o problema é esse mesmo, está certa somente ao pé da letra!!) fora isso, o filme é muito bom. Roteiro, direção, elenco, edição, gostei bastante! Mas outro dia falo mais do filme, o que quero falar é sobre os trailers!
      Toda vez que fico sabendo de alguma estréia que me interesse, já corro para ver o trailer no Youtube, ás vezes, já vi no cinema, mas quero rever para entender mais. Ao  escrever o nome do fiilme obviamente aparece um monte de vídeos relacionados, e nesse monte vem os trailers,  principalmente a versão americana e a versão do país de origem (quando não os EUA) . Nesse caso, o novo de Polanski é produção França, Alemanha e UK, ou seja, europeu.
     É ai que eu fico sempre intrigada, existe uma diferença na narrativa do trailer americano para o europeu. A primeira vez que vi o trailer de 'Ghost Writer' foi a versão britânica, nela o filme fala por si só,  logo saquei que aquela não era a versão americana. O cinema americano tem uma mania irritante de fazer todos os seus trailers muito parecidos: as cenas mais marcantes (mesmo que  elas tenham o tempo de só um segundo no filme, principalmente se tiver sexo); 'diálogos' de uma frase só (e claro, A frase), aquela música que cresce no trailer, como se o filme fosse o melhor suspense já feito; aquelas frases de impacto nos caracteres e a opinião dos críticos, que ganha mais espaço que o próprio filme no trailer. Ah! Fora que sempre tem que ter algo temível, que vai acabar com a humanindade e só a C-I-A, sim, só ela, pode salvar o mundo. É claro que se for um drama que não envolva nada disso, a (OMG!) C-I-A não vai estar presente, mas com certeza uma palavra de super impacto que cause medo vai ser pronunciada.
        Ai você vira e me fala: mas é claro, afinal o trailer é um resumo do filme que tenta convencer o público de que o lançamento vale a pena ser visto. Sim, é isso mesmo! Mas porque não deixar o filme falar por si só? Por exemplo os trailers de Ghost Writer: 

Versão USA (a incorporação não era permitida)

Versão UK



        As duas versões são bem parecidas, mas há nitidamente uma diferença na narrativa entre os dois. Na primeira: elementos, cortes, frases, trilha sonora falam pelo filme; na segunda diálogos menos cortados permitem ao expectador ir desvendando por si só o tema central da trama. Recursos de edição também são utilizados, mas bem menos infatizados, o que importa é o filme.
          
      Outro ótimo exemplo é "A Última Amante"(2007) da diretora francesa Catherine Breillat. Lembro que fui vê-lo por acaso, estava passando e resolvi assitir. Gostei tanto que quando cheguei em casa a primeira coisa foi pesquisar mais sobre ele. Quando vi os trailers fiquei indignada! O trailer americano consegue pegar as cenas mais picantes (inclusive a de um beijo lésbico, que no filme é uma situação besta, trazido para o trailer como se fosse uma das cenas principais) e bombardiar de críticas  com palavras em caixa alta enquanto as imagens rolam ao fundo. Ora eu não querio saber quem falou o que, o que achou, como foi recebido, quero ver o filme ué!! Não precisa disso... no trailer francês, o filme fala por si só:

Versão EUA



Versão França


Sinceramente, fikadika para quando você for procurar um trailer no Youtube  ;)

sábado, 5 de junho de 2010

O sentimento explica

No final de tudo:
eu,
vc,
o amigo,
a caixa do supermercado,
a mãe, 
o atleta,
o traficante,
a professora,
o gay,
o playboy,
a massa,
o senador, 
o médico,
o nerd,
a sobrinha, 
o cineasta,
o falso moralista,
o engenheiro,
o agricultor,
o homofóbico,
a criança,
a invejosa,
o mundo,
querem a mesma coisa,
amor.
E pela falta dele que estamos assim.
Parece clichê, mas não é.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Classic moment


Choose life.
Choose a job.
Choose a career.
Choose a family.
Choose a fucking big television!
Choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments.Choose a starter home.
Choose your friends.Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics.Choose diy and wondering who the fuck you are on a Sunday morning.Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrasment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourself. Choose your future. Choose life. But why would I want to do a thing like that?
I chose no to choose life. I chose something else. 

And the reasons?
There are no reasons.


terça-feira, 1 de junho de 2010

Free

        Ainda na inspiração de Truffaut e seu Antoine Doinel...



      "Peguei meu passado, guardei em um pote de vidro e coloquei na estante das lembranças. Agora cabe a mim abrir esse pote ou não, mesmo sabendo que ele sempre estará lá."

        "A maioria das pessoas não vivem, elas apenas existem..." Oscar Wilde