terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Os melhores de 2010

Final do ano: um calor africano no Rio de Janeiro, compras no centro, comidas de sempre na mesa (e aqueles fios de ovos em volta do peru com uma cereja em cima? e as nozes, castanhas, figo, todos disponibilizados no mesmo duralex? ¬¬ ), perguntas de sempre (qual são seus planos para 2011? ¬¬), aquele parente SUPER legal que você não vê o ano inteiro e que vem todo íntimo perguntando se você está namorando, aquelas músicas natalinas na caixa de som para fora das lojas... um verdadeiro CAOS! 
Mas o fato é que durante o ano temos refresco: um bom filme.
Então liga o ar-condicionado, senta na poltrona, finge que não tá vendo aquele bando de parente andando para um lado e para o outro tomando licorzinho antes da ceia e vem comeeego ver os melhores filmes de 2010 (by Katy).

1) Whatever Works
Para continuar com o clima acima, nada melhor que Boris (magistralmente interpretado por Larry David)  para começar a lista. O gênio da física que concorreu ao Nobel é rabujento, franco, pessimista, e até já tentou se matar duas vezes, mas até nisso não obteve sucesso. Mesmo assim,  com muito humor, é carismático e cativa aqueles que sabem que a vida não é cor de rosa. O personagem de Woody Allen, se estivesse na sua família neste natal, seria o tio que chegaria para o seu filho de 7 anos e diria que papai-noel não existe, que o natal é uma desculpa capitalista e que acha muito engraçado esse bando de gente comendo na sua casa de graça quando durante o ano ninguém liga para saber se você está vivo. Um dos melhores filmes de 2010, com certeza!


2) A Fita Branca
Fita Branca tem duas coisas bacanas das muitas a serem ressaltadas, a primeira é: o filme é um prato para psicanálise. A segunda: parece que entramos em um daqueles quadros com fotografia antigas de parentes, tipo anos 10, 20, onde a alma parece ter ficado realmente presa ali . O longa alemão com roteiro e direção de Michael Haneke conta a história de um vilarejo protestante no norte da Alemanha onde misteriosos acidentes acontecem em um ambiente de punição, incompreensão e julgamento. Criança, médico, barão, pastor, parteira, todos estão envolvidos no clima de medo e mistério que comanda o filme. Quando digo que é um prato para psicanálise é assim pois, a câmera íntima da vida de cada um, retrata como as relações entre os personagens acontecem, como ela é pesada, recalcada, vingativa, isso tudo na maior naturalidade possível. A fotografia é bárbara, em preto e branco ajuda a dar ainda mais o tom sinistro que acompanha os acidentes da trama.
A Fita Branca é genial ao mostrar que aquelas doces crianças, daquela pacata e calma vila, são os futuros seguidores de Adolf Hitler quando adultos. Só peca pelo final, um pouco vago para o filme magistralmente feito.



3) O Segredo dos seus Olhos
Sabe quando você sai do cinema com a sensação de ter pago uma sessão que valeu a pena? Além dessa sensação, O Segredo dos seus Olhos, trás muitas outras. O filme argentino dirigido e escrito por Juan José Campanella mereceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro desse ano! Ricardo Darín interpreta Benjamín Espósito, um funcionário do Tribunal Penal de Bueno Aires, e para quem acompanha a crescente e boa produção cinematográfica  argentina, com certeza ele já é figura conhecida. Para escrever seu livro, Benjamín se baseia na história que mais lhe marcou durante anos de trabalho no Trinubal, e para recontá-la ele volta ao passado, enfrentando no presente angustias e paixões há muito deixadas de lado. O longa é recheado de suspense, romance e boas pitadas de humor com o carismático Guillermo Francella. A narrativa não é linear, ela vai e volta, se desenrolando aos poucos e envolvendo o expectador cada vez mais, seja pelo humanismo dos personagens ou pelo comovente, porém não apelativo, drama. Baseado no livro "La pergunta de sus Ojos" de Eduardo Sacheri, O Segredo de seus Olhos é um dos poucos casos onde a adaptação é melhor que o original.



4) Dzi Croquettes
"Pega a tristeza e coloca ela de lado, vem com a gente viver tudo aquilo que está ai dentro, intocado, liberta essa alma menina! Coloca o seu SER para fora!!
Ao sair do cinema foram essas palavras que ouvi ao pé do ouvido. Dzi Croquettes é sensacional!!  Se eu disser que o documentário conta a história de um grupo de homens que dançavam como mulheres, vou simplificar demais algo tão bacana. Os caras dançavam, e muito! Uma expressão corporal divina, liberdade, arte e como diz Pedro Cardoso em um dos trechos "...havia uma possibilidade absoluta do exercício da sexualidade". Mas não é sexualidade de mulher fruta, Valeskas e etc não, é uma sexualidade que te leva, te impressiona, te envolve. No auge da ditadura eles nasceram da dança e da criativadade, do teatro, e mesmo depois de censurados continuaram a fazer espetáculos. Depois partiram para Europa e tiveram como madrinha Liza minelli. O doc conta com entrevistas de Liza Minnelli, Ron Lewis, Gilberto Gil, Nelson Motta, Marília Pêra, Ney Matogrosso e várias outras pessoas que tiveram o privilégio de os ver ao vivo.
A narrativa deixa um pouco a desejar. Começa com uma lembrança lúdica da diretora, Tatiana  Issa, que acompanhou quando pequena os Dzi Croquettes. Depois do começo do filme, o longa passa o tempo todo sem voltar no assunto e quando termina com a mesma lembrança você se pergunta quem é aquela menina. Tanta coisa espetacular e brilhante já passou que o passado da diretora fica no baú dos créditos. Fora isso Dzi Croquettes é um dos achados do cinema nacional em 2010. Tanto o é que ganhou Melhor Documentário no Festival do Rio, tanto o prêmio do júri quanto o oficial, Mostra de São Paulo, Cine Fest Goiânia, Torino GLTB Film Festival e no Los Angeles Brazilian Film Festival.




5) Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague
Uma aula de cinema! Sem mais.
Além de imagens inéditas de todo ambiente pré e pós Nouvelle Vague, os bastidores da Cahiers du Cinema, os olhos brilhantes de Jean Pierre Leaud ao se ver na tela do cinema na pré-estréia de 'Os Incompreendidos', a revolta de 68 com a saída de Henri Langlois da Cinemateca, a ruptura entre Godard e Truffaut, tudo! Vale muito a pena ver, principalmente se você é cinéfilo apaixonado...





Ufa! Deu pra sentir minha prolixidade? ehehe Para ser sincera não fui muito ao cinema, aluguei mais. Desses cinco há outros que recomendo, tanto desse ano quanto de outros,  alguns até que tenho vergonha de não ter visto antes... Olhos Azuis, Escritor Fantasma, Rainha Cristina, Loki, Noite Americana, Terra Estrangeira, Blade Runner, Os Incompreendidos...

E claro, não podia falta, o MICO do ano, que vai para: NINE
Cara, se ele foi baseado em 'Oito e Meio' de Fellini, o cara deve ter se revirado no caixão. Nine é uma tentativa super fracassada de transformar o filme em um musical. Um verdadeiro disperdício de talento, pois o elenco conta com Daniel Day Lewis, Penelope Cruz e Nicole Kidman. E por incrível que pareça a parte melhorzinha é com a Fergie cantando com alguns pandeiros na mão.



Feliz Natal.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Paris vs New York

Qual o melhor destino??  Difícil resposta... 
     Paris para os amantes do cinema existencial, do cinema da Nouvelle Vague. New York para os amantes de grandes clássicos, cinema de ação.
     Genial a sacada do blog Paris vs New York mostrando essa diferença em ícones da cultura e life style das duas cidades!








terça-feira, 26 de outubro de 2010

Real World Maps

     O design AlphaDesigner criou uma série de mapas onde ao invés de nomes, estão escritos esteriótipos e clichês pelo olhar de outros países. Bem massa esse projeto!!

Clique na imagem para ampliar

Europa segundo a Inglaterra

Europa segundo os Estados Unidos

Europa segundo a Russia
América Latina segundo os Estados Unidos
Europa segundo a França
Europa segundo o Vaticano
Europa segundo a Itália
Europa segundo a Alemanha

Veja a galeria completa aqui.

BlogBlogs.Com.Br

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Jean-Baptiste Mondino

     Propagandas de perfumes são tão bem feitas e elaboradas que muita vezes parecem mais um "mini-curta" do que propriamente um simples comercial. Em torno das sensações, elas fogem do convencional marketing trazendo todos os sentidos, ambientes, sensações e desejos que o cheiro do perfume talvez possa proporcionar. Um dos grandes nomes desses comerciais dos anos 90 até hoje é o fotógrafo, diretor e artista plástico francês Jean-Baptiste Mondino.
     Entre os clipes que dirigiu estão artistas como Björk, Madonna, David Bowie, Sting e a "Anticristo" de Lars von Trier, Charlotte Gainsbourg, em seu clipe Beauty Mark. Inclusive é dele o sensacional "Justify My Love" de Madonna postado mês passado aqui no Ensaios. Com ela, Mondino também dirigiu "Open your Heart", "Human Nature", "Love Don't Live Here Anymore", "Don't Tell Me" e "Hollywood". Nas marcas de perfumes e roupas, Clavin Klein, Dolce e Gabbana, Dior, Jean-Paul Gaultier, Chanel, entre outros.
     As fotos de Mondino e seus clipes tem uma coisa em comum: a sedução não fica de mãos dadas com a vulgaridade ou com o comum. Sensualidade que envolve e passa da TV para o sofá levando o cheiro do perfume.

Clique na imagem para ampliar










 



sábado, 9 de outubro de 2010

Quotes from special doors


"A música é algo muito erótico.
Uma de suas funções é purgar a emoção.
Chamar nossa música de orgástica significa dizer que somos capazes de levar as pessoas a uma espécia de orgasmo emocional por meio de palavras e melodia. Um show ferve para valer quando os músicos e a platéia alcançam uma espécie de experiência conjunta. É inspirador e prazeroso saber que as várias limitações que separam uma pessoa da outra são reduzidas no espaço de uma hora.Talvez poderíamos ser chamados de políticos eróticos. Quando nos apresentamos estamos participando da criação de um mundo e celebramos isso com o público. Torna-se uma esculturas de corpos em movimento. Isso é política, mas nossa força é sexual" Jim Morrison




     Estou lendo The Doors por The Doors com Ben Fong-Torres. O livro é muito massa! Narrado por entrevistas e alguns complementos de Torres, é repleto de fotos raras ou nunca publicadas do arquivo pessoal da banda. Está sendo interessante pois, encontro em vários relatos, a imagem que tinha de Jim: autêntico. Como Ray Manzareck fala em um trecho: "Morrison foi um dos poucos, se não o único, artista que conheci que acreditava no que estava dizendo. Ele viva aquele tipo de vida. Não fazia suas loucuras no palco e depois ia para casa assistir TV, beber cerveja e rir daquilo tudo. Ele era um cara que vivia aquela vida o tempo todo". 
     Sempre achei muito sincera e libertária a expressão corporal de Jim nos shows, além da música, esse elemento é essencial para meu gosto intenso pela banda. The Doors foi uma banda muito franca, muito "essa música somos nós". Claro que há outras bandas assim, mas ai rola aquele lance da identificação também.. 
To be continued ---



The Doors por The Doors
Ben Fong-Torres
432 páginas
Editora Agir
R$ 60,00

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Somewhere with Coppola

     Sofia Coppola está em todas! Além de ter ganhado o Leão de Ouro no Festival de Veneza desse ano, posou para a capa da Revista Vogue L'Uomo e estréia seu longa vencedor do Festival, "Somewhere", aqui no Brasil.

      Comecei a prestar mais atenção nela depois de "Maria Antonieta", filme que muita gente criticou pelo roteiro "fraco", pois, esperavam a biografia da Rainha. O grande lance do filme é exatamente esse! Ela não se preocupou em contar toda história, da ascensão a queda de Marie Antoinette, Coppola focou em uma parte só, a adolescência, na qual ela se tornou Rainha. O filme é lindo! Não é por menos  ganhou o Oscar de Melhor Figurino em 2006, as roupas são muito fiés as daquela época, entre 1755 até 1800. As filmagens aconteceram no próprio Palácio de Versailles, na França, onde toda história foi verdade, um verdadeiro sonho alguns takes dentro dele...
     Um outro ponto forte do filme é a trilha sonora moderna que inclui The Strokes, Bow Wow Wow, The Cure, Radio Department encaixados perfeitamente no tempo em que se passa a verídica história, no século XVIII. Por exemplo Julio Casablancas que embala o amor de Condo Fersen e Marie Antoinette com sua voz arrastada em What Ever Happened "I wanna be forgotteeeeeeeennn, and I don't wanna be remindeeeeed....."

       Gostei dessa capa da Vogue L'Uomo, vale conferir também a outra, uma versão com Quentin Tarantino.

Kirsten Dunst e Sofia Coppola nas gravações de Maria Antonieta em 2006


                       What Ever Happeeeeend








                      Trailer "Somewhere"

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Life Soundtrack II

I wanna kiss you in Paris
I wanna hold your
hand in Rome
I wanna run
naked in a rainstorm Make love in a train cross-country
You
put this in me
So now what, so
now what?




Poor is the man whose pleasure depends 
on the permission of another

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ética no Jonalismo

     Como o post sobre a objetividade no jornalismo escrevi outro texto para faculdade no mesmo estilo: leitura e opinião. O professor é o mesmo, grande mestre Fernando de Almeida Sá, mas agora a matéria é Ética. Ele trabalha esse semestre com o livro "Ética da Informação" de Daniel Cornu.
     O texto não está na íntegra, pois, aqui no Blog, ficaria muito extenso. Porém, os trechos mais relevantes estão copiados. Vale lembrar que o intuito do texto não foi disucutir a ética e toda as suas vertentes, somente a relação Ética/Jornalismo.

     Eu não acredito na ética. Essa ética sempre atrelada ao discurso do moralista ou discutida na TV, não, não mesmo. Falar sobre isso me lembra a questão da objetividade no jornalismo: Os jornais levantam a bandeira da objetividade como o principal compromisso com o leitor, mas todo mundo sabe que isso não passa de história para “massa” dormir. Um porque é impossível se separar da subjetividade e outro por questões econômicas e políticas.

     Ao ler o livro e me deparar com a Declaração dos Deveres e Direitos dos Jornalistas, mais conhecida como Declaração de Munique, tenho a sensação de ser um documento utilizado da mesma forma que o dos Direitos Humanos: está no papel, porém, o cotidiano do mundo mostra que esses direitos não são seguidos. Os mesmos só são “lembrados” quando acontece algo que choca a população e alguém levanta para dizer que é inadmissível aquele fato, respaldado nas leis dos Direitos Humanos.

     Não quero dizer que sou contra leis, regulamentações, senso e até mesmo contra a ética, não é isso. O que quero dizer é que ela existe enquanto lei, regulamentação, enquanto superego, principalmente se estiver em relação com o jornalismo. Acho que leis e governo são pilares para ajudar o Estado na estruturação de uma vida civil mais harmoniosa, pois limites são necessários em qualquer construção, seja ela de cunho subjetivo ou social, e a ética também entra nisso. A crítica acontece não pela existência de todas as vertentes que a ética cria em torno dela, mas sim porque ela não é sentida. A tal “ética” me lembra o discurso do homem por toda sua história: fala da paz fazendo a guerra.

     Peguei três pontos do livro que podem ilustrar bastante as afirmações acima: O respeito à pessoa humana, o respeito à vida privada e a pressão tecnológica na rapidez da matéria.

     A pressão tecnológica se acentua ainda mais nos dias de hoje como, ao meu ver, uma das piores questões para o jornalista lidar. Desenvolver texto ou qualquer outra atividade sobre pressão, quase sempre resulta em um péssimo trabalho. E se esse trabalho ganha mais importância pela velocidade que sua disseminação acontece do que pelo seu conteúdo, a ética passa ainda mais longe das redações. Hoje o tempo que se tem para investigar, analisar, escrever, revisar e, ai, publicar é muito curto! Enquanto você está preocupado com a qualidade e veracidade do texto outro veículo, mesmo sem ter certeza de todas as informações, já deu a notícia e aquela matéria não é mais informação. A chegada da televisão enfatizou essa problemática para o impresso e com a chegada da Internet, agora até ela está “ultrapassada” na informação. Para o impresso ficou ainda pior, antes de ser lido já está enrolando o peixe da feira, coisa que só acontecia no dia seguinte. Com essa velocidade que é digna de máquinas e não de homens, publicar algo falso, que possa difamar alguém perdendo o respeito pelo ser humano e pela vida privada da pessoa, é bastante provável que aconteça, pois não se teve tempo para averiguar com ética e bom senso aquela informação. E é nessa hora, na vida real, no cotidiano, que Declarações, Direitos e ética vão pro ralo, tanto pela pressão da rapidez, mas também por um outro lado, o lado de quem lê.

     Muitas pessoas reclamam do conteúdo jornalístico dos meios de comunicação, dizem que só falam de violência, sexo e celebridades. Porém, o mais curioso, é que esses conteúdos são os mais vendidos nas bancas, vistos na TV ou acompanhados na internet, e se tirarmos esses elementos, a audiência e as vendas caem vertiginosamente. O público pede por essa invasão da privacidade alheia, pede por esse desrespeito ao ser humano quando, por exemplo, acontece alguma situação de violência e aquilo é veiculado livremente sem uma ética para amenizar imagens ou depoimentos. Os paparazzos são outro exemplo disso, são frutos de um desejo humano de saber da vida do outro sem escrúpulos, uma curiosidade acompanhada sempre do julgamento, que ultrapassa todos os limites da ética de direito a privacidade.
      A falta de ética do jornalista não é só dele, é do seu público também. É do ser humano, é do instinto, aquele que não dá para ser domesticado, aquilo que passa longe da objetividade.
     Na verdade, eu poderia ter pegado todo esse texto e ter resumido em uma só frase do ilustre Nelson Rodrigues: A Ética é a estética que vem de dentro. 



E quem não conhece esses dois?