quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ética no Jonalismo

     Como o post sobre a objetividade no jornalismo escrevi outro texto para faculdade no mesmo estilo: leitura e opinião. O professor é o mesmo, grande mestre Fernando de Almeida Sá, mas agora a matéria é Ética. Ele trabalha esse semestre com o livro "Ética da Informação" de Daniel Cornu.
     O texto não está na íntegra, pois, aqui no Blog, ficaria muito extenso. Porém, os trechos mais relevantes estão copiados. Vale lembrar que o intuito do texto não foi disucutir a ética e toda as suas vertentes, somente a relação Ética/Jornalismo.

     Eu não acredito na ética. Essa ética sempre atrelada ao discurso do moralista ou discutida na TV, não, não mesmo. Falar sobre isso me lembra a questão da objetividade no jornalismo: Os jornais levantam a bandeira da objetividade como o principal compromisso com o leitor, mas todo mundo sabe que isso não passa de história para “massa” dormir. Um porque é impossível se separar da subjetividade e outro por questões econômicas e políticas.

     Ao ler o livro e me deparar com a Declaração dos Deveres e Direitos dos Jornalistas, mais conhecida como Declaração de Munique, tenho a sensação de ser um documento utilizado da mesma forma que o dos Direitos Humanos: está no papel, porém, o cotidiano do mundo mostra que esses direitos não são seguidos. Os mesmos só são “lembrados” quando acontece algo que choca a população e alguém levanta para dizer que é inadmissível aquele fato, respaldado nas leis dos Direitos Humanos.

     Não quero dizer que sou contra leis, regulamentações, senso e até mesmo contra a ética, não é isso. O que quero dizer é que ela existe enquanto lei, regulamentação, enquanto superego, principalmente se estiver em relação com o jornalismo. Acho que leis e governo são pilares para ajudar o Estado na estruturação de uma vida civil mais harmoniosa, pois limites são necessários em qualquer construção, seja ela de cunho subjetivo ou social, e a ética também entra nisso. A crítica acontece não pela existência de todas as vertentes que a ética cria em torno dela, mas sim porque ela não é sentida. A tal “ética” me lembra o discurso do homem por toda sua história: fala da paz fazendo a guerra.

     Peguei três pontos do livro que podem ilustrar bastante as afirmações acima: O respeito à pessoa humana, o respeito à vida privada e a pressão tecnológica na rapidez da matéria.

     A pressão tecnológica se acentua ainda mais nos dias de hoje como, ao meu ver, uma das piores questões para o jornalista lidar. Desenvolver texto ou qualquer outra atividade sobre pressão, quase sempre resulta em um péssimo trabalho. E se esse trabalho ganha mais importância pela velocidade que sua disseminação acontece do que pelo seu conteúdo, a ética passa ainda mais longe das redações. Hoje o tempo que se tem para investigar, analisar, escrever, revisar e, ai, publicar é muito curto! Enquanto você está preocupado com a qualidade e veracidade do texto outro veículo, mesmo sem ter certeza de todas as informações, já deu a notícia e aquela matéria não é mais informação. A chegada da televisão enfatizou essa problemática para o impresso e com a chegada da Internet, agora até ela está “ultrapassada” na informação. Para o impresso ficou ainda pior, antes de ser lido já está enrolando o peixe da feira, coisa que só acontecia no dia seguinte. Com essa velocidade que é digna de máquinas e não de homens, publicar algo falso, que possa difamar alguém perdendo o respeito pelo ser humano e pela vida privada da pessoa, é bastante provável que aconteça, pois não se teve tempo para averiguar com ética e bom senso aquela informação. E é nessa hora, na vida real, no cotidiano, que Declarações, Direitos e ética vão pro ralo, tanto pela pressão da rapidez, mas também por um outro lado, o lado de quem lê.

     Muitas pessoas reclamam do conteúdo jornalístico dos meios de comunicação, dizem que só falam de violência, sexo e celebridades. Porém, o mais curioso, é que esses conteúdos são os mais vendidos nas bancas, vistos na TV ou acompanhados na internet, e se tirarmos esses elementos, a audiência e as vendas caem vertiginosamente. O público pede por essa invasão da privacidade alheia, pede por esse desrespeito ao ser humano quando, por exemplo, acontece alguma situação de violência e aquilo é veiculado livremente sem uma ética para amenizar imagens ou depoimentos. Os paparazzos são outro exemplo disso, são frutos de um desejo humano de saber da vida do outro sem escrúpulos, uma curiosidade acompanhada sempre do julgamento, que ultrapassa todos os limites da ética de direito a privacidade.
      A falta de ética do jornalista não é só dele, é do seu público também. É do ser humano, é do instinto, aquele que não dá para ser domesticado, aquilo que passa longe da objetividade.
     Na verdade, eu poderia ter pegado todo esse texto e ter resumido em uma só frase do ilustre Nelson Rodrigues: A Ética é a estética que vem de dentro. 



E quem não conhece esses dois?


2 comentários:

  1. A exemplo disso é que sempre se fala bem do Chile, quando 33 homens passam "o maior tempo de confinamento de um grupo de indivíduos na história". A mídia não contou que já houveram mais de oitenta deslisamentos e vários indígenas morreram antes disso tudo acontecer...

    Será que é porque o Chile é responsável por 1/3 da produção de cobre "DO MUNDO"? A Veja falou muito superficial disso tudo... Em nome da Ética?

    Mas é a massa de manobra se voltando contra o trator. Um dia isso aconteceria, enquanto a cultura for para a elite, isso vai e muito acontecer. Isso vira um oito muito estranho, no meu próximo post eu vou comentar sobre isso... A culpa é da falta de sensibilidade da sociedade moderna.

    Um bom tema pra debate.

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  2. Verdade... Tem uma hora em que questionamos tanto a parcialidade ou imparcialidade da imprensa que achamos que "Nothing is real".

    Cultura é tudo. Mas o problema é o despertar pra sensibilidade. Estou com preguiça de escrever, mas tem um ensaio de um professor da UERJ que fala da "Escassez" da dita abstração poética, melhor dizendo, a abstração sensível a se analisar qualquer mídia. Acho isso muito válido, já que o ultimo e o penúltimo poeta a ter um livro publicado foi Ferreira Gullar - Só existe o Ferreira Gullar? Porque que a gente não põe Caio Fernando Abreu na roda? Sim, ele já faleceu, mas a sua obra é linda.

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