segunda-feira, 1 de junho de 2009

Fogos de artifício que não queimam


        Uma vez um amigo (Rudááá) me enviou um trecho de um livro que ele dizia lembrar-se de mim quando lia. E que bom que lembrou.

        O fato é que se tratava do livro On the Road, escrito pelo Jack Kerouac e lançado em 1957. Foi sucesso e passou a ser chamado de "bíblia hippie" na época, pois sua inspiração veio de da viagem que fez, por sete anos percorrendo a rota 66, que cruza os EUA na direção leste-oeste, com descidas freqüentes ao México. Mas antes de On the Road, Kerouac tentou escrever um romance, falando sobre os tormentos que sofria para equilibrar a vida selvagem da cidade com os seus valores do velho mundo.
        Forte influenciador do movimento beatnik, um pouco antes da sua morte sai da cidade e decide se isolar do convívio humano. Subiu até o alto de uma colina e passou longos dias sozinho confinado em uma cabana sem eletricidade e sem vidros nas janelas. Tomava quase uma garrafa de bebida por dia e sofreu com alucinações e paranóias.
        Morreu com 47 anos de hemorragia causada pela ingestão de bebidas.

        Porque as pessoas que escrevem bem, sobre assuntos diferentes, de forma diferente, para pessoas diferentes... Geralmente terminam dessa forma? Com a palavra Edgar Allan Poe: "Muitas pessoas já me caracterizaram como louco, resta saber se a loucura não representa, talvez, a forma mais elevada de inteligência".

"(...) sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, agora, aqueles que nunca bocejam e jamais dizem coisas comuns, mas queimam, queimam, queimam como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante — pop! — pode-se ver um brilho azul e intenso até que todos “aaaaaaah!”"

-- Jack Kerouac, On the road

        Nesse momento Walter Salles está terminando a pós-produção do seu próximo filme, que será o On the Road do Kerouac. A ansiedade só não consegue ser maior porque já não cabe dentro de mim mesma...

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